Comunicado na íntegra da ETA em que anuncia suspensom do accionar armado na Catalunha
18 de Fevereiro de 2004
ETA, organizaçom
socialista revolucionária basca de libertaçom nacional, deseja
mediante esta Declaraçom dar a conhecer a Euskal Herria e ao Povo catalám
o conteúdo das reflexons realizadas em torno do seu accionar armado
na Catalunha e as decisons adoptadas ao respeito.
Euskadi Ta Askatasuna,
no quadro do processo de libertaçom que desenvolve com o fim de conseguir
que sejam reconhecidos os direitos que correspondem a Euskal Herria como naçom,
decidiu na década de oitenta levar a cabo também na Catalunha
acçons armadas contra os intereses económicos dos estados espanhol
e francês, e as forças armadas de ocupaçom e responsáveis
políticos espanhóis.
Esta decisom
estivo sempre sujeita às sucessivas análises de conjuntura que
a nossa organizaçom realizou em cada momento.
A ETA renovou
a sua análises e tomou umha nova decisom com respeito ao seu accionar
armado na Catalunha.
Estas som as principais chaves que tomou a ETA em consideraçom:
- A Catalunha
e Euskal Herria som duas naçons com muitas similitudes e pontos em
comum, queremos vincar dous:
-Som duas naçons
oprimidas polos estados espanhol e francês, divididas territorialmente
com base em fronteiras artificiais impostas pola força das armas.
-Esta situaçom
de opressom tem feito que desenvolvessem estreitas e profundas relaçons
de amizade e irmandade.
-A mundança
operada nas últimas décadas na situaçom política
da Catalunha e Euskal Herria. Deu-se umha clarificaçom e um avanço
importante das forças independentistas e umha ampla conscienciaçom
sobre a necessidade do reconhecimento do direito de autodeterminaçom
que corresponde aos povos oprimidos polo Estado espanhol.
-A profunda crise
que está a viver o Estado opressor espanhol. No final da ditadura franquista,
o Estado espanhol inventou o "Estado das Autonomias", com o objectivo
de afogar as ánsias de liberdade das naçons basca, catalá,...
Hoje em dia, transcorridos 25 anos, a crise em que se encontra imerso o quadro
político da reforma espanhola é mais clara e profunda do que
nunca. E podemos afirmar que foi a luita destes dous povos pola sua libertaçom
que provocou esta crise: Euskal Herria e a Catalunha som as cunhas que estám
a fazer ranger o caduco andaime do quadro institucional e político
imposto.
-A solidariedade
honesta, activa e generosa que o processo de libertaçom do Povo basco
recebeu de parte do Povo catalám.
-Ao mesmo tempo,
a luita armada desenvolvida por Euskadi Ta Askatasuna contra o Estado espanhol
na Catalunha provocou diversas e contrapostas leituras e reacçons por
parte dos diferentes sectores independentistas e de esquerda cataláns.
-A importáncia
de reforçar a vontade e determinaçom popular para defender o
direito de autodeterminaçom que corresponde ao Povo catalám
e a Euskal Herria frente à imposiçom espanhola.
-A necessidade
de reforçar no caso do povo catalám e basco os pilares em que,
a nosso ver, devem sustentar as relaçons entre os diferentes povos
oprimidos.
-O RESPEITO e
a NOM INGERÊNCIA, no que di respeito aos meios e formas particulares
que as organizaçons respectivas puderem pôr em práctica
no processo de libertaçom que cada povo desenvolve.
-A SOLIDARIEDADE para com os outros povos que se acham numha situaçom de opressom similar.
Levando em conta todos estes elementos de análise e com o desejo de as ligaçons entre os nossos povos se estreitarem com base nos princípios de respeito, nom ingerência e solidariedade, a ETA comunica a Euskal Herria e ao Povo catalám a suspensom da sua campanha de acçons armadas na Catalunha a partir de 1 de Janeiro de 2004.
Umha saudaçom revolucionária a todos os independentistas cataláns.
GORA EUSKAL HERRIA ASKATUTA!
VISCA CATALUNYA LLIURE!
Gora Jon Felix! Gora Joan Carles!
Em Euskal Herria, a Fevereiro de 2004
Euskadi Ta Askatasuna E.T.A
ETA anuncia suspensom das suas acçons na Catalunha. Reacçons
Forom várias
as vezes em que a organizaçom independentista armada basca anunciou
umha suspensom nas suas acçons armadas, ainda que esta é a primeira
vez em que atinge a só umha parte do território do actual Estado
espanhol, também oprimida por este e ocupada polas forças de
ocupaçom espanholas: o Principado catalám. O comunicado nom
fai referência ao resto dos territórios dos Paises Cataláns:
o Rosselló, o País Valenciá e as Ilhas Baleares.
O último anúncio de cessar temporal nas suas actividades foi entre Setembro de 1998 e Dezembro de 1999. Nessa ocasiom, desenvolveu-se um processo de diálogo, na Suíça, entre a organizaçom armada e o Governo do Estado espanhol. Em Agosto, a ETA assinalava num comunicado público que o diálogo de paz estava bloqueado pola intransigência espanhola, e a comunicaçom rota com o Governo espanhol. Em Dezembro de 1999 anunciava a finalizaçom do cessar-fogo, que fora descrito pola direita espanhola do Partido Popular, no Governo, como trégua-armadilhada.
O Lehendakari
Ibarretxe, numha declaraçom pública, deu a conhecer a sua primeira
valorizaçom do anúncio da ETA, assegurando que "nom fai
mais do que favorecer os interesses eleitorais do PP". "Do ponto
de vista político é nauseabundo, e do ponto de vista ético
é imoral", afirmou, acrescentando que exigia à organizaçom
armada que "abandonasse de vez a violência na Catalunha, em Espanha
e em Euskal Herria".
Somando-se ao coro das reacçons contrárias ao anúncio
da ETA, Patxi Zabaleta, coordenador da organizaçom política
Aralar, que abandonou Batasuna após a sua constituiçom, e que
se apresenta às eleiçons de Março coligado com Eusko
Alkartasuna em Nafarroa, sob o carimbo "Nafarroa bai", e com Zutik
na Comunidade Autónoma Basca, reclamou "com toda a rotundidade,
umha trégua indefinida no tempo e no espaço" à ETA,
definindo como "insatisfatória" a suspensom da actividade
armada só na Catalunha, e expressando a sua "adeseom política"
a Carod Rovira. "Isto nom convém nem a ERC, que tivo a valentia
de dialogar com a ETA, nem a Aralar, nem ao PSOE", assegurando que "isto
convém mas é ao PP".
Na Galiza, tambem
o BNG aderiu à insólita condena do comunicado da ETA. Anxo Quintana,
porta-voz nacional do BNG, e futuro candidato desta formaçom à
presidência da Junta da CAG, afirmou que a única mensagem relevante
que o BNG poderia aguardar da organizaçom basca seria "que desaparecesse
das nossas vidas" e que deixasse de matar "em todas a parte".
"Para nós, o que hoje aconteceu nom deixa de ser umha escalada
mais de "macabrismo" por parte dumha organizaçom que nom
merece absolutamente nom só o nosso respeito, mas nengum tipo de consideraçom".
Enquanto isso, o Presidente da Junta, ex-ministro franquista, e presidente
honorífico do Partido Popular, Manuel Fraga, considerou que o anúncio
"é umha das notícias mais graves dos últimos tempos".
Para o líder da direita espanhola na Galiza, isto supom que ERC e Carod
Rovira se converterom em "inimigos de Espanha e a constituiçom".
Reacçons
semelhantes tenhem-se produzido por parte doutros líderes políticos
das forças autodenominadas como "constitucionalistas" ou
"democráticas", segundo os casos. Carod-Rovira, o lider de
ERC, que recentemente se tem reunido com a organizaçom armada basca,
provocando umha escandaleira na vida política oficial espanhola, qualificou
de "armadilha política" o anúncio da ETA, e afirmou
que com a ETA "em nengum momento ERC falou dumha trégua circunscrita
à Catalunha nem houvo qualquer acordo de negociaçom". Negou
que a entrevista mantida com a ETA tivesse nada a ver com este anúncio,
pois salientou que a data assinalada no comunicado, 1 de Janeiro, é
anterior ao dia em que tivo lugar esse encontro. Destacou que ERC é
um partido "independentista, pacífico e democrático",
"todo o contrário do que defende a ETA", e que a suspensom
de actividade armada para ter crédito deve estender-se ao conjunto
do território do Estado.
O ministro do Interior espanhol, Ángel Acebes, também definiu
o comunicado como "armadilha à democracia e à liberdade".
"O cessar-fogo da ETA ajuda-a no pior momento da sua história",
declarou aos meios de comunicaçom numha conferência de imprensa.